Garimpando algumas fotos na net encontrei essa aí em cima. E ela retrata exatamente os desenhos que eu sempre fazia quando criança: pôr-do-sol ou nascer do sol entre montanhas no horizonte, tendo como chão o mar e o céu dourado, pontilhado de gaivotas. A única coisa que não fazia parte dos meus rabiscos era esse pedacinho da embarcação que aparece na lateral, de onde o fotografo registrou o momento.
Essa “paisagem” – seja nos meus desenhos, seja em fotografias ou ao vivo e a cores – sempre me acalma e me faz pensar em um novo amanhã, na possibilidade de fazer diferente, de superar os meus limites... um novo dia para vivenciar o que a bíblia diz: “A misericórdia do Senhor se renova a cada manhã.”
Essa “paisagem” – seja nos meus desenhos, seja em fotografias ou ao vivo e a cores – sempre me acalma e me faz pensar em um novo amanhã, na possibilidade de fazer diferente, de superar os meus limites... um novo dia para vivenciar o que a bíblia diz: “A misericórdia do Senhor se renova a cada manhã.”
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Era de manhã e o novo sol cintilava nas rugas de um mar calmo. A dois quilômetros da costa, um barco de pesca acariciava a água. Subitamente, os gritos do Bando da Alimentação relampejaram no ar e despertaram um bando de mil gaivotas, que se lançou precipitadamente na luta pelos pedacinhos de comida.
Amanhecia um novo dia de trabalho. Mas lá ao fundo, sozinho, longe do barco e da costa, Fernão Capelo Gaivota treinava. A trinta metros da superfície azul brilhante, baixou os seus pés com membranas, levantou o bico e tentou a todo custo manter suas asas numa dolorosa curva. A curva fazia com que voasse devagar, e então sua velocidade diminuiu até que o vento não fosse mais que um ligeiro sopro, e o oceano como que tivesse parado, abaixo dele. Cerrou os olhos para se concentrar melhor, susteve a respiração e forçou ... só ... mais ... um ... centímetro ... de ... curva ... Mas as penas levantaram-se em turbilhão, atrapalhou-se e caiu.
Como se sabe, as gaivotas nunca se atrapalham, nunca caem. Atrapalhar-se no ar é para elas desgraça e desonra. Mas Fernão Capelo Gaivota - sem se envergonhar, abrindo outra vez as asas naquela trêmula e difícil curva, parando, parando ... e atrapalhando-se outra vez! - não era um pássaro vulgar.
A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que os simples fatos do vôo - como ir da costa à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar. Antes de tudo o mais, Fernão Capelo Gaivota adorava voar ...
Introdução da primeira parte do livro "Fernão Capelo Gaivota", de Richard Bach
Posted by Picasa
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