Carlos Lyra, em cenas do documnetário
“Olha que coisa mais linda,
Mais cheia de graça,
É ela menina que vem e que passa
No doce balanço a caminho do mar...”
“Se você disser que eu desafino amor...
Saiba que isso em mim provoca imensa dor
Só priviliegiados têm ouvidos igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu....”
Aos 14 anos, quando começou a ter aulas de violão com o primo distante e também muito jovem, Roberto Menescal, o então menino Paulo Thiago jamais poderia imaginar que um dia produziria um material tão rico sobre um tipo de música brasileira que dava seus primeiros passos: a bossa nova. Ainda garoto, ele acompanhou de perto o início desse novo som por meio do primo que, junto com Carlos Lyra, João Gilberto, Bené Nunes, entre outros, ousava uma nova ginga ao dedilhar o violão. E foi esse período, iniciado em 1958 e com seu auge em 1962 – ano em que ocorreu o histórico concerto no Carnegie Hall – , que o diretor Paulo Thiago escolheu para documentar a bossa nova.
Coisa Mais Linda não é um documentário qualquer. Com imagens raras dos anos 50 e 60, o diretor contextualiza o nascimento do novo estilo, mostrando o cenário musical da década de 50, que parecia já antever a mudança que se iniciava. Elizeth Cardoso e Johnny Alf eram alguns dos que arriscavam um samba-canção mais minimalista, assemelhando-se ao que mais tarde viria a ser chamado de bossa nova.
A criação do nome bossa nova, aliás, é uma das curiosidades contadas por Carlos Lyra no documentário. “Iríamos acompanhar Silvinha Telles em um show na Hebraica. Quando chegamos lá, havia um cartaz dizendo: ‘Hoje Silvinha Telles e o Grupo Bossa Nova’. Pensamos que o show seria Silvinha Telles, nós e mais um grupo que tinha esse nome. Foi então que nos disseram: ‘São vocês, eu não sabia o nome de vocês então eu botei Grupo Bossa Nova’. Foi então que decidimos adotar o nome”.
O texto não é meu, minha gente. Faz parte do release do documentário “Coisa mais linda” que não assisti porque ainda não chegou aqui na minha city. Mas assim que aportar por essas bandas, tô lá no cinema para conhecer os primórdios desse ritmo tão gostoso de ouvir e sentir. Sim! Bossa Nova é poesia musicada. Pura poesia. Vocês não acham???
Tem uns links aqui no blog (Meu Brasil Brasileiro) que nos levam direto para ouvir algumas dessas canções que nossos pais devem ter conhecido e curtido tão bem e que nós, por tabela, crescemos ouvindo - quer dizer, alguns de nós. Dê uma passada por lá. Se não gostarem de bossa não tem problema. Eu também não gostava. Mas entendi que, quando se vai avançando na idade (hehehehehehehe), nosso gosto fica mais apurado. Para vocês verem... dos meus 14 aos 18 anos eu só ouvia balada mixada (ainda ouço alguma coisa de vez em quando). Depois de uma estacionada por alguns anos, comecei a “garimpar” pela nossa boa Música Popular Brasileira e descobri porque os nomes daqueles caras - que pareciam uns chatos de galocha para mim - permanecia fazendo sucesso até hoje. E deixei os meus ouvidos serem apurados por vozes consagradas da nossa música.
Hoje, agradeço a minha fase de baladas. Tudo é válido na época certa, né? Ainda bem que nasci um pouco mais tarde, senão teria que agüentar música eletrônica – nada contra quem goste, mas eu, sinceramente, fico histérica com essa batida tecno. E é só esse ritmo frenético que toca em todos os lugares ultimamente. Impossível pra mim. Por isso, hoje, próxima aos 32, descanso os ouvidos ao som de Chico, Geraldo Azevedo, Toquinho, Adriana Calcanhotto, Ana Carolina, Bethânia, Gal, João Gilberto, Vinícius... Antigos e novos, ontem e hoje. Mas somente os que trilham a qualidade musical. Em todos os sentidos.
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2 comentários:
ai credo. esse negocio de spam ja chegou ate aqui? que horror... samme, poe o sistema de comentarios do haloscan, eh mais seguro, e da pra banir os enderecos de spam.
Bossa nova: eu cresci ouvindo bossa nova, alias eu cresaci ouvndo de tudo: meu pai eh um louco desvairado que compra e ouve todo tipo d emusica, se schubert a calcinha preta. Mas desde pequeno chico faz parte d aminha vida: aind acranca eu sonhava com a exuberancia de fado tropical, com o colorido ludico de A banda (que, mais velho entendi ser uma historia bem triste na verdade...). Aquarela me ensinou que a vida eh colorida, e que o futuro traz a morte. La Belle du jour me inspirou a ir mais a praia, a desejar o ceu azul.
A Bossa nova eh na verdade uma combinacao do tradicional samba brasileiro ao estilo do Rio de Janeiro com o jazz que chegava em discos de vinil importados para a entao capital da federacao. A mistura criou um tom magico, que dispensa ate afinacao, sem na verdade causar nenhuma dor. Os paus e pedras do caminho do Brasil trouxeram a existencia outors estilos e tipos d ecomposicao, ate que as letras foram ficando menos ingenuas e doces e mais politicas, ironicas. Veio a tropicalia, a musica engajada. As experimentacoes dos anos 70, as buscas dos regionalismos. Tudo isso eu amo desde crianca. Gal, Caetano, Gil, Betania, gritavam alegria alegria! equanto seguiam sem nada no bolso ou nas maos. Elba que esta cansada de ir embora, mas que sabe que vai voltar, Geraldo Azevedo, Alceu, Ze ramalho. Sem ser topicalistas, sao tropicais, me fazem ter saudades d eminha ilha tao ensolarada e cheia de frutas. As letras debochadas de Luiz, que se ria das meninas que so querem, so pensam em namorar, mas tambem da paraibas masculinas, que viviam na terra que ardia qual fogueira de sao joao.
Feliz dauqele que vive essa riqueza lirica da musica brasileira, eu sou feliz.
Diogo, teus comentários sempre enriquecem o meu blog. Valeu! E ainda bem que vivemos em um país tão rico em expressões, né? A nossa música então! è lirismo mesmo!
Até hoje eu espero o texto do site, seu carne de porco. Cadê??? Não chegoui no meu email.
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